O mês de outubro se veste de rosa para reforçar uma mensagem global de vital importância: a prevenção e o diagnóstico precoce do câncer de mama. O Outubro Rosa é mais do que uma campanha; é um movimento de conscientização que, anualmente, ilumina prédios e espalha o laço cor-de-rosa, simbolizando a luta e a esperança de milhares de mulheres.
No Brasil, a urgência da causa é inegável. O câncer de mama é o tipo de câncer mais incidente entre as mulheres, excluindo os de pele não melanoma, e também o que mais mata. As estimativas para o triênio 2023-2025 apontam para mais de 73 mil novos casos por ano no país. Em Minas Gerais, estado onde o Grupo Luta Pela Vida (GLPV) atua, a projeção é de cerca de 7,6 mil novos casos anuais nesse período.
Para desmistificar a doença e orientar sobre as melhores práticas de cuidado, conversamos com Thayná Gonçalves, enfermeira e colaboradora do GLPV que atua no Núcleo de Prevenção. Ela ressalta que o autocuidado e o acompanhamento médico são as ferramentas mais poderosas para aumentar as chances de sucesso no tratamento.
O câncer de mama é uma doença multifatorial, ou seja, não tem uma única causa. Thayná Gonçalves divide os fatores de risco em duas categorias:
- Fatores não modificáveis: aqueles que não podem ser alterados, como a idade (mulheres acima de 50 anos têm risco maior), a primeira menstruação precoce (com 12 anos ou menos), menopausa tardia (após 55 anos) e histórico familiar de câncer de mama ou ovário em parentes de primeiro grau.
- Fatores modificáveis: relacionados ao estilo de vida, estes podem e devem ser controlados. Incluem:
- Comportamentais e ambientais: sobrepeso/obesidade, sedentarismo e consumo de álcool, exposição a agrotóxicos e poluentes orgânicos.
- Aspectos reprodutivos e hormonais: primeira gestação após os 30 anos ou não ter filhos.
Prevenção e autoconhecimento: o cuidado diário
A prevenção ativa se dá, em grande parte, pelo controle dos fatores de risco modificáveis. “Ter um estilo de vida saudável, praticar atividade física, ter uma alimentação balanceada, ingerir frutas, verduras e diminuir o consumo de alimentos processados” são as ações primárias, conforme Thayná. Além disso, a amamentação é uma prática protetora e deve ser incentivada.
Uma mudança importante na abordagem da saúde da mulher é a evolução do autoexame para o autoconhecimento. “Atualmente, a orientação é que a mulher preste atenção a qualquer alteração nas mamas durante sua rotina diária, sem a obrigatoriedade de um exame padronizado… Esse hábito de autopercepção ajuda a reconhecer o que é normal em seu corpo, facilitando a identificação de mudanças suspeitas que merecem investigação médica”, pontua a Thayná Gonçalves.
Fique atenta aos sinais
Alguns sintomas podem indicar alterações que precisam ser investigadas, como: nódulos fixos e geralmente indolores, alterações na pele da mama (como vermelhidão, retração ou aspecto de casca de laranja), mudanças no mamilo, nódulos nas axilas ou pescoço e saída de líquido pelos mamilos. Lembre-se: nem todo caroço é câncer, mas qualquer alteração deve ser avaliada por um médico.
Mamografia: avanço no rastreamento do câncer de mama no Brasil
A mamografia é o exame-chave no diagnóstico precoce e considerado padrão ouro. No Brasil, é o único método de rastreamento com eficácia comprovada na redução da mortalidade por câncer de mama.
No último dia 23 de setembro, o Ministério da Saúde divulgou uma importante mudança em relação à recomendação para realização do exame. A partir de agora, a orientação é que mulheres a partir dos 40 anos realizem o exame sob demanda, em decisão conjunta com o profissional de saúde. A paciente deve ser orientada sobre os benefícios e desvantagens de fazer o rastreamento e se a opção for fazê-lo, será garantido pelo SUS.
Outra alteração importante é em relação à ampliação da faixa etária recomendada, que passou a ser até 74 anos. Para mulheres entre 50 a 74, a periodicidade recomendada é cada dois anos.
De acordo com Thayná, é fundamental seguir a orientação médica para determinar a frequência ideal para você, que pode ser complementada por exames como o ultrassom das mamas e axilas, dependendo do caso.
Atenção: o autoconhecimento não substitui a mamografia! Muitos nódulos em estágio inicial não são palpáveis, reforçando a importância do exame periódico de rastreamento.
Tratamento e futuro: caminhando para a individualização
O tratamento do câncer de mama é altamente individualizado, dependendo do estágio, das particularidades biológicas do tumor e das condições da paciente. As opções incluem tratamento local (cirurgia e radioterapia) e tratamento sistêmico (quimioterapia, hormonioterapia e terapia biológica).
O futuro é promissor, com avanços constantes:
- Técnicas cirúrgicas menos invasivas.
- Tratamentos personalizados.
- Terapias-alvo: agem diretamente nas células doentes, bloqueando o crescimento do tumor.
- Imunoterapia: ajuda o próprio corpo a reconhecer e destruir as células cancerígenas.
Fonte: grupolutepelavida.org.br