Durante uma sessão do Conselho de Segurança da ONU convocada para tratar da escalada entre Irã e Israel, a representante dos Estados Unidos, Dorothy Shea, lançou um apelo direto a Teerã: “Não é tarde para o governo do Irã fazer a coisa certa.”
O encontro, realizado sob o tema “Ameaças à paz e à segurança internacionais”, reuniu líderes diplomáticos e autoridades da ONU para avaliar os riscos de uma nova onda de instabilidade no Oriente Médio.
Na reunião realizada nesta sexta-feira (20), Shea afirmou que o governo iraniano representa uma ameaça contínua à segurança global.
“O governo iraniano há muito representa uma ameaça constante à paz e à segurança de seus vizinhos e de todo o mundo — responsabilidade que cabe a este conselho manter. O governo iraniano repetidamente clamou pela destruição de Israel e, cito, ‘morte à América’.”
Ela ressaltou a atuação do Irã por meio de ataques diretos e também via grupos aliados.
“Eles lançaram ataques diretos e por meio de representantes contra civis israelenses, incluindo, recentemente, contra o maior hospital do sul de Israel e, nas últimas horas, contra Haifa.”
Irã culpada por instabilidade regional
A diplomata também responsabilizou Teerã por promover instabilidade regional: “O governo do Irã também espalhou caos, terror e sofrimento por toda a região.”
Em sua fala, Shea apontou conexões entre o regime iraniano e ações de grupos armados no Oriente Médio.
Segundo ela, o Irã esteve por trás do ataque do Hamas contra Israel em outubro de 2023, incentivou o Hezbollah a abrir uma nova frente de conflito a partir do Líbano e ofereceu suporte aos houthis, no Iêmen.
Além disso, relembrou o ataque de drones em janeiro de 2024, realizado por um grupo apoiado por Teerã, que matou três militares americanos na Jordânia.
“Chega é chega,” afirmou a embaixadora. Ela citou a posição do G7, que identificou o Irã como “a principal fonte de instabilidade e terror no Oriente Médio” e reiterou o direito de Israel à autodefesa.
EUA ao lado de Israel
Apesar de destacar que os EUA não participaram diretamente dos ataques realizados por Israel, Shea foi clara ao declarar: “Não deve haver dúvida de que os Estados Unidos continuam ao lado de Israel e apoiam suas ações contra as ambições nucleares do Irã.”
Ela responsabilizou Teerã pela atual escalada, dizendo que os líderes iranianos “poderiam ter evitado esse conflito se tivessem aceitado um acordo que os impedisse de obter uma arma nuclear. Mas se recusaram a fazê-lo, optando por adiar e negar.”
Para Shea, o regime iraniano “tem tudo o que precisa para obter uma arma nuclear. Tudo o que falta é a decisão do seu líder supremo. Isso é inaceitável, e este conselho deve instar o Irã a mudar de rumo.”
Ela também condenou as ameaças recentes contra a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e destacou que “por muito tempo, eles priorizaram o terrorismo e seu programa nuclear acima do bem-estar de seu próprio povo. Sua consequente fragilidade agora está totalmente exposta ao mundo.”
Ao final da fala, reforçou o apelo: “O governo iraniano deve abandonar suas ambições nucleares para não haver mais destruição. Escolha, em vez disso, a prosperidade para seu povo.”
Guterres critica Irã
O secretário-geral da ONU, António Guterres, também participou do encontro. Ele alertou sobre os riscos de uma escalada descontrolada: “Não estamos caminhando para uma crise, estamos correndo para ela.”
Guterres enfatizou o impacto devastador do confronto crescente entre Israel e Irã sobre civis e infraestrutura, e afirmou que a não proliferação nuclear é fundamental para a estabilidade global.
Apesar das reiteradas negativas iranianas quanto à intenção de produzir armamentos nucleares, o secretário-geral destacou um problema de credibilidade: “Existe uma lacuna de confiança.”
A sessão também contou com falas de Rosemary DiCarlo, subsecretária-geral para Assuntos Políticos e de Consolidação da Paz, e Rafael Mariano Grossi, diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
Internacional|Do R7, em Brasília