A Polícia Rodoviária Federal (PRF) prendeu 83 pessoas entre os dias 3 e 10 de outubro de 2025, durante a Operação Alerta Lilás. Com foco no enfrentamento à violência doméstica e familiar, as prisões ocorreram em cumprimento de mandados de prisão em aberto contra condenados pela Justiça por crimes de violência contra a mulher, como feminicídio, estupro, agressão e tentativa de homicídio, entre outros. A maioria das prisões foi por não pagamento de pensão alimentícia.
A ação foi batizada de Alerta Lilás em homenagem ao Dia Nacional de Luta contra a Violência à Mulher, celebrado no dia 10 de outubro, e teve como lastro a utilização de inteligência policial e tecnologia. “A Polícia Rodoviária Federal, alinhada ao seu planejamento estratégico, tem como uma das principais diretrizes a otimização do Policiamento Orientado pela Inteligência (POI)”, explica a diretora de Inteligência da PRF, Nádia Zilotti. “Isso aumenta a eficiência do trabalho policial e otimiza a segurança do agente público, que pode escalonar antecipadamente o nível de abordagem de acordo com a periculosidade”, defende.
O Alerta Lilás consiste na ativação de avisos no sistema de consulta criminal da PRF, que é interligado ao Banco Nacional de Medidas Penais e Prisões (BNMP), do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Acessado por PRFs de todo o Brasil, o banco de dados auxilia a fiscalização em pontos estratégicos do país, como as mais de 300 unidades operacionais da PRF, além de postos de abastecimento, pontos de descanso, praças de pedágio, dentre outros.
“Com o Alerta Lilás, a PRF se soma ao grande esforço interinstitucional para combater a violência contra a mulher e a impunidade, pois muitos criminosos encontram na fuga o escudo para tentar escapar da punição”, defende o diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal, Antônio Fernando Oliveira. “O Alerta Lilás é uma ferramenta estratégica para que isso não aconteça”, conclui.
Violência contra a mulher
Com um longo histórico de violência contra as mulheres, em 2006 o Brasil decidiu endurecer a legislação com a sanção da Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006), uma resposta à luta da farmacêutica cearense Maria da Penha Maia Fernandes, vítima de duas tentativas de homicídio pelo então marido, que a deixaram paraplégica e com outras sequelas permanentes.
Já em 2015, como desdobramento da CPMI da Violência contra a Mulher, o Congresso Nacional alterou o Código Penal para definir o feminicídio como um homicídio qualificado cometido em razão da condição de mulher, seja por violência doméstica ou por menosprezo/discriminação de gênero (Lei nº 13.104/2015), e impor penas mais rigorosas para o assassinato de mulheres no Brasil.
Apesar dos esforços, o Brasil ainda ocupa o 5º lugar em feminicídios no mundo, atrás de El Salvador, Colômbia, Guatemala e a Rússia. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, uma mulher é vítima de feminicídio a cada sete horas no país. Em 2024, foram registrados mais de 1.400 casos.
Além dos feminicídios, milhões de brasileiras enfrentam diariamente agressões físicas, psicológicas, patrimoniais e sexuais. A subnotificação ainda é um obstáculo: estima-se que apenas 10% das vítimas denunciem seus agressores. O medo, a dependência econômica e a falta de apoio institucional são algumas das barreiras que ajudam a perpetuar esse ciclo de violência.
Prisões
No primeiro dia de operação (3), a PRF prendeu em Vacaria (RS), na BR 116, um homem de 40 anos com mandado de prisão por feminicídio e aborto. Ele matou a namorada grávida, em 2009, em Caxias do Sul, e estava foragido. Ele foi entregue pela PRF à Polícia Civil de Caxias do Sul. Em outro caso, no dia 7, em Pernambuco, a PRF prendeu em Belo Jardim (PE), um foragido condenado por estupro de vulnerável. Ele é acusado de abusar sexualmente de duas irmãs, no ano de 2009, quando as vítimas tinham 11 e 13 anos. O crime foi cometido em Jaboatão dos Guararapes (PE), onde o acusado residia à época. Veja outros casos.
06/10/2025
Em Primavera do Leste (MT), a PRF prendeu um homem foragido por estupro de vulnerável. De acordo com a denúncia à Justiça, o homem é acusado de abusar sexualmente de sua enteada. À época, a situação foi identificada após a coordenação da escola em que a menina estudava entrar em contato com a mãe da vítima devido ao baixo rendimento escolar. Na ocasião, a vítima informou que estava sendo abusada sexualmente pelo seu padrasto e os abusos teriam começado quando tinha 11 anos de idade. O caso foi formalmente denunciado às autoridades em 2017, quando a adolescente tinha 15 anos.
07/10/2025
Em Sobral (CE), a PRF prendeu um homem 15 anos após ele ser acusado de matar a facadas sua companheira, em Fortaleza. O suspeito estava foragido desde o crime, ocorrido em 22 de abril de 2010, no bairro Messejana. A vítima, na época, tinha 30 anos de idade.
10/10/2025
Em uma ação integrada entre a PRF e a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), um foragido foi preso na BR-020, em frente à Unidade Operacional da PRF em Formosa (GO). O homem era procurado por descumprimento de medidas protetivas, ameaças à
ex-companheira e disparo de arma de fogo. Segundo as investigações, o homem passou a ameaçar a ex-companheira após o fim do relacionamento, em janeiro de 2025. As ameaças se intensificaram em maio, quando a vítima iniciou um novo relacionamento. No dia 4 de outubro, o suspeito foi até a residência da mulher e efetuou um disparo de arma de fogo contra a motocicleta do atual companheiro dela.