Santa Catarina intensificou o combate à corrupção em 2025, conforme os dados divulgados pelo Ministério Público até 29 de agosto ao ND Mais, o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas) deflagrou 16 operações em todas as regiões do estado, cumprindo cinco mandados de prisão e 206 de busca e apreensão.
No mesmo período, foram instaurados 39 procedimentos investigativos para apurar indícios de corrupção, atualmente em andamento.
Embora não exista um número consolidado específico para 2025 sobre valores recuperados em operações anticorrupção, MPSC destaca resultados expressivos.
No Oeste, em Chapecó, por exemplo, cerca de R$ 2 milhões foram recuperados em acordos firmados neste ano. Em outras frentes, como o combate à sonegação fiscal, os valores devolvidos chegam a mais de R$ 1 bilhão em um único ano.
As investigações conduzidas pelo Gaeco têm como alvo áreas sensíveis da administração pública, como obras e infraestrutura, concursos públicos e contratos de coleta e destinação de resíduos sólidos urbanos. A escolha dos setores reflete a relevância econômica e o impacto direto na vida da população.
Entre as operações de maior repercussão está a Operação Mensageiro, iniciada em 2022 e que, em 2025, alcançou sua sexta fase. A investigação desvendou um esquema de corrupção em contratos de lixo em diversos municípios catarinenses.
Desde o início, a ação resultou em 47 mandados de prisão, 278 de busca e apreensão, R$ 1,48 milhão apreendido, além da retenção de 180 celulares, 358 computadores e mídias e 14 autos de prisão em flagrante.
Mais recentemente, em 2025, a Operação Fictus, que investiga fraudes em licitações, e outras investigações em curso reforçam a abrangência e a importância do trabalho realizado pelo grupo.
Impacto preventivo
Para o Gaeco, as operações têm efeito não apenas punitivo, mas também preventivo. A exposição de esquemas ilícitos demonstra à sociedade que as investigações atingem tanto o setor público quanto o privado, o que gera um efeito pedagógico importante. Além disso, a devolução de valores desviados ajuda a recompor os cofres públicos e fortalece a confiança da população nas instituições.
As ações do grupo contam com apoio de diversos órgãos estaduais. Acordos de Cooperação Técnica foram firmados com a Polícia Militar, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros Militar, Departamento de Polícia Penal e a Secretaria de Estado da Fazenda, ampliando a capacidade investigativa e operacional.
Educação e mobilização
A repressão à corrupção também se alia à prevenção. A Semana Estadual de Combate à Corrupção, realizada em 2025, marcou a adesão do MPSC ao Programa Educando Cidadãos, que reúne 61 parceiros para levar educação cívica e ética às escolas catarinenses. Segundo o grupo, a iniciativa fortalece a cidadania desde a infância e contribui para o aumento de denúncias encaminhadas ao Ministério Público.
Embora os métodos tradicionais, como fraudes em licitações e superfaturamento de contratos, continuem predominando, o GAECO observa uma sofisticação crescente nos mecanismos de corrupção.
Entre as tendências recentes estão a manipulação de editais eletrônicos, falsificação de documentos fiscais digitais e movimentações financeiras virtuais, exigindo constante adaptação das investigações.
Participação da sociedade
O grupo reforça que a colaboração da população é decisiva. Denúncias podem ser feitas pelo Portal do Cidadão pelo Disque 127 ou diretamente nas Promotorias de Justiça. As informações podem ser repassadas com garantia de sigilo, desde que contenham dados detalhados, como local, data, nomes de envolvidos e provas como documentos, fotos ou vídeos.
Para o Promotor de Justiça e Coordenador do GAECO, Wilson Paulo Mendonça Neto, o trabalho do grupo é essencial, mas o auxílio da sociedade é uma grande contribuição. “A participação ativa e responsável da população fortalece o combate à corrupção e contribui para uma sociedade mais justa”, afirma.